Há anos venho travando uma batalha pessoal com o meu pior inimigo (eu mesma), sobre a importância de buscar e aceitar Deus em minha vida. A maioria da vezes em que Ele me é apresentado eu costumo dizer: "agora não posso, estou ocupada, fica pra outra vez!"
Eu sou católica, não há como negar, mas isso é apenas um rotulo para aqueles que precisam de rótulos. Na verdade, eu gostava de ir a Igreja quando crianca e na adolescencia…depois fui perdendo um pouco a vontade.
Acho ritual uma coisa bonita. Gosto de pensar em cerimônias, visualiza-las. Acredito que elas tem uma importância imensuravel em nossas vidas. O batizado, o casamento, os funerais… Enfim, acredito na beleza e eternizacao de momentos através dessas praticas.
Ate ai tudo bem, é a parte “socialite” da religião. Mas e na hora do essencial? E na hora em que eu realmente quiser falar com Deus? Como se faz?
Tenho um péssimo comportamento que me faz repelir idéias que confrontam meus medos, minhas fobias sociais. Por exemplo: tenho pavor de receber elogios (principalmente em publico), porque acho que nunca os mereço, (mesmo que as vezes eu realmente mereça), e fico mais do que encabulada, fico desconcertada. Tenho pavor de ver cenas de amor, beijo e sexo em filmes e novelas porque fico com “vergonha” pelos outros. Tenho pavor de fazer exercício físico, porque acho que não consigo me “coordenar” nos aparelhos de ginástica. Tenho pavor de mar, rio, lago, piscina funda…porque não sei nadar. Tenho calafrios quando vejo bebezinhos lindos, fofos, e cheios de vida…porque simplesmente acho que deveria ter outro filho. Enfim, meus medos, minhas fobias, meus traumas, minha insegurança me repreendem, me cobram, me condenam…e talvez seja por isso que eu não consiga falar em Deus. Tenho medo de realmente encontra-lo. Não na metáfora da morte, mas aqui , agora, EM VIDA!
Tenho medo de encontra-lo , de me apaixonar por Ele (e eu realmente me apaixono fácil), de me entregar completamente, de não querer mais viver sem Ele. Tenho medo de confirmar aquilo que os outros dizem, os que já O conhecem bem, que são íntimos de Sua pessoa, que Ele realmente é tudo de bom! Que Ele realmente ajuda a segurar a barra que cada dia pesa um pouco mais, que Ele transforma as coisas, as pessoas, os pensamentos. Que Ele realmente faz milagres. Que Ele realmente esta no “meio” de nos. Enfim, medo de encontrar Alguém em quem eu possa realmente confiar, acreditar, recorrer. Medo de dizer palavras/sentenças simples como: “Fé” , “oração”, “ Vai com Deus”, “fica em Paz”, “Deus te ilumine” …
Talvez seja uma questão de atitude, perfil, estética, filosófica…sei eu! Acho que não combino com Deus. Acho que Ele não me “cai” bem. Minha postura não condiz com a das senhoras que vão a igreja aos domingos, com a das pessoas que carregam fotos de santos na carteira e penduram o rosário no espelho retrovisor do carro (embora eu tenha o rosario (bento) pendurado, santo Expedito na carteira e Padre Réus em medalhinha).
Eu não tenho “cara” de quem vai a Igreja, de quem reza, de quem cultua alguma crença… Mas desde quando o comportamento se reflete na “cara”? Vem dai, as perguntas que todoas fazem alguma vez na vida: tenho cara de quem fuma maconha? Tenho cara de gay? Tenho cara de ladrão? Tenho cara de rico? Tenho cara de psicopata? Quem vê CARA não vê coração! E por ai vai…
Enfim eu mesma me rotulei como excêntrica demais para aceitar a presença Divina. Auto suficiente demais para pedir ajuda a Ele. Jovem demais para ir a Igreja. Bonita demais para não usar vestido curto em lugares santos. Maliciosa demais para pronunciar palavras sagradas. Egoísta demais para ajudar, inteligente demais pra acreditar (cegamente), arrogante demais pra me ajoelhar. Segura demais pra me benzer.
Eu fiz isso comigo mesma, e creio que, se de agora em diante eu quiser falar com Deus, eu vou ter que me arrepender…
…Mas há os que digam que Ele no seu infinito amor, a tudo e todos perdoa. Quem sabe Ele esta lendo esse texto e me achando uma tola. Quem sabe Ele na sua imensuravel compaixão esta apenas esperando eu acabar de digitar a ultima linha para, depois, me pegar pela mão e me mostrar o quão simples é conhecer, conviver e aceitar um novo Amigo.