Thursday, October 7, 2010

Leia com moderação! Viva com intensidade!

Há tempos preciso escrever este texto. Hoje, entre espiadas no Facebook e e-mails, entre ligações telefônicas, no meio da bagunça que esta minha atual “casa” entre um ir e vir de um país pro outro, entre a hora do almoço que tenho com meu filho, entre uma consulta aqui e ali no dentista, entre tarefas domesticas e algumas fotografias, entre tudo isso tirei o tempo de que precisava para expressar/constatar esta análise.

Me considero uma pessoa inteligente, fora da media, portanto não medíocre. Estudei desde sempre e ainda mantenha vivo o desejo de continuar me aperfeiçoando. Desde pequena já era membro da biblioteca publica e lia em torno de 3 livros por semana. Sempre gostei de teatro, de dança, de arte em todos os níveis e aspectos.

Nunca fui elitista, primeiro porque não nasci em familia abastada e segundo porque não fui criada sob os valores do capitalismo, da supervalorizarão do dinheiro em detrimento das relações pessoais e desenvolvimento sócio-intelectual. Cursei escola publica desde que me conheço por gente e cheguei ao nível “superior”. Mas que superioridade é essa?

Tudo isso, todo esse acesso à cultura, à educação, à informação de qualidade, aos valores morais, não fez de mim alguém preconceituosa. Li os melhores livros de arte pra saber que nem tudo ali esta de acordo com meu pensamento e com a realidade social contemporânea. Às vezes, um bom folhetim de interior tem mais a acrescentar do que um Nietzsche. Às vezes um samba rock traz mais emoção do que um clássico de Bach. Às vezes discutir futebol na padaria revela mais das pessoas do que uma palestra de sociologia aplicada.

Quero afirmar que, mesmo sendo uma pessoa inteligente não sou obtusa, bitolada, enebriada com a idéia de possuir um desenvolvimento cultural “superior“. Gosto de clássicos, do tubinho preto, do Beethoven, dos expressionistas europeus, mas nada descarta o meu gosto por um bermudao e chinelos havaianas, por country music ou por arte em grafite.

Creio que as pessoas que não abrem a mente para um pouco de tudo, ficam limitadas ao seu mundinho. E esse mundinho pode ser das coisas pequenas, das popularidades, das telenovelas, das revistas de fofocas, das comedias românticas de Hollywood, mas também pode ser o mundinho do filme cult alemão, das exposições contemporâneas num cubo branco com cacos de vidros ao chão, o mundinho literário, que teoriza a pratica das artes, da educação, da cidadania. O mundo das hipóteses e suposições, em detrimento da experimentacao.

Creio que é preciso botar a cara na rua para bater. Sair do papel e dar forma concreta à teoria, através da verbalização e da atitude. Creio também que é preciso misturar as coisas em prol de uma comunhão mais ampla, em prol da inclusão. As pessoas vivem nas suas ilhas particulares e todas estão ansiando por navegar, aportar num porto vizinho e celebrar a coletividade…mas para isso precisamos estar abertos, receptivos a novas idéias, a novos valores e a novas praticas. Mais do que isso, às vezes, precisamos refrear a soberba, consciente ou não, de que por ter lido Kafka, não podemos ter nada em comum com o vizinho que é fã de Harry Potter. Cada um tem em si um pouco, ou muito, de bom para trocar com o outro. Sejamos mais ecléticos, mais humildes, mais receptivos e, por consequência, menos sozinhos e mais FELIZES.

Leia com moderação! Viva com intensidade!


1 comment:

  1. Concordo plenamente, afinal, quando direcionamos o olhar num único foco, acreditando que aquele é o melhor e o único caminho a seguir, nos tornamos limitados e, por consequência restringimos nossas aprendizagens/experiências/vivências.
    Tudo vale a pena quando é sincero!
    Beijos

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